segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Ela é bela mas pouco singela


Quando te avistei,distante, apreciei o contorno gritante e belo do seu corpo. Linda silhueta que me fez suspirar ao mesmo tempo em que me vi abraçado pela loucura. Era um forte abraço. Tão poderoso que entornava a minha personalidade para fora, sentindo escorrer pelos arredores.
Levou-me ao delírio quando imaginei carícias no seu corpo estupidamente formoso.Durante o suave tato de minhas mãos, arrepiou-me numa reação a qual deveria ser contrária. Seu cheiro era a melhor fragrância. Seus olhos mais brilhantes e profundos que este próprio globo que me mantém como "ser". És você,plena em tudo que é.
Abuse da superioridade que tem. Você pode,deve e é.Também sabe. Bela mas pouco singela.
Conduza este homem às estrelas.Se não assim, hei de ser sempre um sentinela.
Nada como a sinceridade em admitir que se é dominado pela saudade.


ps.: você sabe o que anda me fazendo.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Escarrando um vício


Ultimamente ando paciente pelo fim de todos os dias.Uma espera tão inquieta que já nem mais as unhas existiam para roê-las. O meu relógio era prova do vício compulsivo por olhar a hora, sempre querendo acelerar a execução natural do tempo. Como se literalmente fosse adiantar alguma coisa.
Sempre o mais do mesmo. A rotina sequer rendia bons prognósticos do futuro. Estava acostumando com a vida de tristezas, já nem me esforçava para desapegar da infelicidade.Eu adoecera de ócio,tanto deste que nem forças havia de lutar.
Quando me alimentava,"presenciava" o trajeto quase indigesto da comida por todas entranhas do meu ser. Descia-me às tripas como um rochedo sem gosto,dolorindo por dentro.Comer restara como única atividade natural de sobrevida, pois fora isso só existiam os movimentos involuntários do corpo. Maldito coração.
A vida se consumia, autofágica. Uma vez que não havia como resistir sem boas vivências,muito menos sem gozos.Iria se deteriorando.
Recentemente descoberta no cigarro, a tranquilidade em relaxar durante o desespero foi uma bênção. Não sabia também se fumava só para esquecer de todos os problemas. Talvez fizesse por ciência de estar morrendo aos poucos.Sei que fumar,pra mim, não tenta somente parecer algo elegante e trágico. Outrossim, nunca fui homem de bom mocismos. Fumar apenas fornecia o devido calor à minha alma fria. Cada vez que inspirasse a fumaça de tanto desvalor, lapsos de memórias viriam à tona, lembrando os momentos perfeitos ao seu lado.Poucos momentos.
Foi seu presente de grande utilidade: um vício.

Acendi um cigarro,como se fosse o último.Sempre o último: (risos)
- Cigarro...cigarro, hum. - comecei a cochichar repetidamente a palavra cigarro, olhando fixo e atento ao mesmo.
- Escarro, escarro, escarro... - tornei boquiaberto.
Essa percepção incomum da palavra de certa forma tinha descartado o desvairado vício no cigarro.A fumaça era só um desabafo do corpo. O vício era você, não existia dúvida.
Vício bem ou malquisto? Resta ainda saber.