terça-feira, 21 de setembro de 2010

Sonho de um pesadelo


Havia dias que não experimentava o amargo doce do desgosto. Estava muito estranho,pois era cedo demais para comemorar vitória. Posso dizer que vivia um momento despreocupado da vida, e os problemas não mais se sobressaíam .Só "tocava" a vida adiante, escondendo toda a sujeira por debaixo do tapete. Eu ignorava tudo o que me assolava.
Setembro! Mês de luto.Período em que meu cérebro sabia que viria a passar por alguns momentos impactantes. Provavelmente o meu estado de transe era um recurso instintivo do corpo.
- 07:15. - despertei inconformado.
Relutei na minha cama desde as 07:00, provando todas as possíveis posições de decúbito mas não venci a insônia. Sentia uma terrível torcicolo que me obrigara a tomar alguns analgésicos de uma só vez. Caminhei até o banheiro e a luz infelizmente estava queimada. Não era problema,afinal, aquela penumbra só iria provocar a minha sonolência.
Tirei a "água dos joelhos", lavei as mãos e logo cuspia aquela saliva espessa de recém-acordado. Escovei os meus dentes me preparando para lavar o rosto com água gelada. Fechei os olhos e molhei o rosto algumas séries de vezes.
Foi estranho pois permaneci de olhos fechados por quase um minuto, quando decidi abrir os olhos vi um vulto atravessando logo atrás de mim.
- Não, não pode ser. - monologuei assustado.
Por precaução lavei meu rosto mais uma vez, abri os olhos e tudo tinha voltado ao normal.
Enxuguei as mãos,o rosto, e segui caminho em direção ao quarto.
Logo na entrada do quarto me senti atraído por alguma entidade:
- POF! - foi o estrondo da porta que fechou e trancou-se sozinha.
Alguém vindo detrás da porta, atrás de mim, já massageava o meu pescoço dolorido. Eu não podia vê-la mas sentia o agasalho do toque, excitando todo o prazer existente no meu interior. De algum jeito me deitou de bruços na cama, posicionando o rosto contra o travesseiro e continuou massageando.
Em seguida foi cobrindo lentamente o meu corpo com o cobertor e ainda de bruços fui vendo a pouca claridade do quarto se tornar um completo escuro. Literalmente fui "forrado" pela coberta.
No ato o desespero claustrofóbico bateu. Resolvi erguer as cobertas e logo o susto:
- NÃO CONSIGO SAIR DA COBERTA, ESTOU PRESO DENTRO DA MINHA COBERTA!ALGUÉM ME AJUDE,POR FAVOR! - gritei com desespero.
- TEM ALGUÉM TENTANDO ME MATAR, ME AJUDE, POR FAVOR!
De novo ninguém escutava os meus pedidos de socorro.
Nesse momento eu já suava frio,então resolvi me concentrar para evitar um maior desespero. Estiquei meus braços para frente e vi um túnel apertado no horizonte.O único jeito de seguir era começar me arrastando.Aos trancos e barrancos fui rastejando feito um verme pelas galerias que não esperava existir internamente da minha cama.Estava quase sufocado quando enxerguei uma luz no fim do túnel. Acelerei meus movimentos, porém, parecia que eu nunca chegaria ao meu destino. Andava e não saía do mesmo lugar, como numa esteira rumo ao infinito.
- *Casp casp casp casp* - acordei ofegante e suado.
- Foi um pesadelo! - respirei fundo e tornei a enfiar a cabeça abaixo do travesseiro, tentando voltar a adormecer.

O pesadelo, na verdade, era de acordar e saber que eu ainda conseguia enxergar uma luz no fim do túnel. Para variar, sonhando com um pesadelo já vivido.

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