quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ideologia de nada


Eu estava procurando-lhe afim de te observar a noite toda mas estava bem no seu ponto cego, num canto que nem mesmo deus poderia ver ou ajudar. Foi então que fui até o balcão e pedi um copo de cachaça. Eu sabia que você estava naquele canto, tinha certeza. Ao meio de tanta gente e de uma música alta, conseguia fazer com que todos congelassem e prestasse atenção somente à você, viva e dançando somente para mim.
Você era tão linda e estava tão feliz que a emoção vibrava no meu peito.Sentindo uma forte adrenalina, eu virava os goles da cachaça abruptamente e cada vez mais me sentia encorajado a falar com você. O meu lado efusivo (consequência alcoólica) eu ainda não conhecia, mas percebi que involuntariamente estava chegando perto de você. A minha adrenalina era tão alta que nem preocupado estava em me disfarçar à multidão.De repente
- Oi, o que faz aqui? - indagou ela.
Naquele momento já havia tido uma epifania amorosa por ver e ouví-la.
- Não sei. - respondi mais perdido que cego em tiroteio.
A conversa começou a se soltar mas ainda soava como uma conversa artificial,improdutiva e obrigatória, como se só falasse comigo para não ignorar totalmente a minha existência.
Ora ou outra interrompidos por algum conhecido dela, a conversa recomeçava da estaca zero e ela demonstrava constante desinteresse. Até a hora que ela inventou algumas desculpas e se retirou com os amigos. Foi o golpe final.Ali estava eu, derrotado pelo amor, isolado em reclusão sem direito a condicional mesmo entre centenas de pessoas. Não aguentava assistir a felicidade das pessoas (inclusive a dela) dançando, sorrindo e aproveitando a noite, e somente eu, sozinho, com um copo vazio entre as mãos,triste e dependente de alguém.
Eu não tinha você, como é que poderia ser feliz?
Paguei a conta no ato, peguei minhas coisas e fui embora.Já ao lado de fora te encontro novamente: ploft!
Toda a esperança desse coração nobre e grande ascendeu novamente:
- Já vai? - disse a garota.
Foi eterno enquanto não respondia, pensando que eu não fazia diferença alguma na noite dela. Ela acendeu um cigarro que odiava-a por fumar(mas que mesmo odiando o cheiro, adorava quando vinha daquela boca maravilhosa).
- Huuum, acho que sim, eu não estou na minha melhor condição.
E quando achei que ouviria a maior das redenções pedindo para que eu não fosse embora,ouvi:
- Então tá bom, tchau! - com um sorriso desprezivo.
Me virei e fui andando para frente, meio que numa coordenada ação que eu não gostaria de estar fazendo,porém, tinha de fazer. Andei pela madrugada e assim voltei pra casa...
Quando cheguei em casa, me deitei na cama e do mesmo jeito que estava adormeci, com a luz acesa(ainda me trouxe um prejuízo de conta de luz). Quando despertei no dia seguinte, desconfortável por estar com tais roupas, levantei e fui lavar o rosto. Eu via um rosto feio, horrível, incapaz de querer conseguir algo na vida.Eu não tinha nada.
Sabe...queria que soubesse que não tenho nada e que nada vale sem você. Sei que devo me contentar com esse nada que tenho e com esse nada que tens de mim. Mas uma coisa eu sempre soube: nada vai mudar, principalmente meu amor por você.
E essa é minha filosofia de vida. Minha ideologia de nada.

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